Mad Max, a Trilogia mais saco-roxo da história

Posted: sexta-feira, 16 de julho de 2010 by Victor Carvalho in Mesas: , ,
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Duvida? O início da trilogia é o segundo filme em que Mel Gibson foi protagonista e sabe como ele foi escolhido?  Ele, originalmente, não foi fazer o teste para o papel. Ele foi acompanhar um amigo que ia fazer. Acontece que Mr. Gibson tinha se metido em uma briga de bar na noite anterior e seu rosto estava parecendo uma "abóbora preta e azul" (palavras do próprio). Quando os produtores do filme o viram, falaram para ele voltar em 3 semanas porque eles precisavam de gente estranha (freaks). Três semanas depois, seu rosto estava tão diferente que ele nem sequer foi reconhecido. Tentou o teste e passou. Ainda não é o bastante? Algumas das falas do primeiro filme são de músicas do AC/DC e a gangue de motoqueiros é uma gangue real. Existem lendas de que no segundo filme, Mel Gibson comeu comida de cachorro de verdade e alguns dos acidentes mostrados nas cenas de ação realmente aconteceram. No terceiro filme, a cena da tempestade de areia é verdadeira, além do fato de o filme ser dedicado à Byron Kennedy (produtor do filme e amigo de George Miller, a lenda por trás da Trilogia Mad Max), pois ele morreu em um acidente de helicóptero enquanto procurava boas locações para a filmagem. Isso me lembra de uma fala de Peter Jackson quando seus atores reclamaram de cansaço nas filmagens de O Senhor dos Anéis (Lord of the Rings): “a dor é passageira, o filme é para sempre”. Como diria minha avó: “tá achando que beiço de jegue é arroz doce”? Bons tempos em que as pessoas davam, literalmente, o sangue pelo cinema... O único deslize da lendária trilogia é que o figurino de alguns personagens parece ter saído diretamente de um cover do Village People feito pelo Massacration... mas vamos deixar isso de lado...

Engana-se quem acha que a franquia é yankee: ela é 100% australiana e quase que completamente filmada no outback (não, meu filho, não é o maldito restaurante... se você não sabe o que é, clique na porra do link, eu que não vou ficar explicando...). Inclusive, na versão americana, a voz de Mel Gibson foi completamente dublada, pois acharam que os norte-americanos não conseguiriam entender o sotaque carregado do rapaz...  tsc... tsc... tsc... Por sinal, não sei se foi a época (de 1979 a 1985), mas toda a trilogia é carregada de atestados de burrice dos nossos brothers lá de cima. O filme chegou muito mais mastigadinho para eles. Além da dublagem, no início do segundo filme foi adicionada uma explicação totalmente nada a ver de que o apocalipse (relaxe, rapaz, logo explico isso) ocorreu por causa de uma Guerra Nuclear entre “as duas grandes potências do mundo”. Miller chegou a dar entrevistas explicando que a história não tinha relação alguma com o contexto da época, pelo menos não direta. Aconteceu um Apocalipse (ou Apoc-Eclipse como as crianças dizem no terceiro filme). Pronto, sem muita explicação. Para quê saber o fato gerador da tragédia? O importante é que o bicho tá pegando lá e nada mais. Por sinal, o ótimo O Livro de Eli (The Book of Eli) segue a mesma linha.

Como já pincelei acima, a história se passa em um futuro punk pós-apocalíptico que vai pouco a pouco se instalando ao longo da trilogia. É interessante ver (e acredito ser essa a grande sacada de George Miller) como a civilização vai gradualmente retornando àquele estado selvagem e primitivo para depois começar a se reconstruir. No primeiro filme somos apresentados à Max (ele ainda não é Mad Max, embora esse nome não seja pronunciado em momento algum durante a saga). O mundo ainda não está totalmente destruído, embora ele se resuma a uma estrada. Max é uma espécie de força da lei, um policial. A diferença, contudo, entre policiais e bandidos nesse filme é muito tênue e começa logo pela vestimenta: ambos se vestem muito parecidos. Mel Gibson interpreta um cara razoavelmente normal, cuja família é assassinada friamente por uma gangue de motoqueiros. E como toda boa história de vingança, ele vai atrás dos caras. Ainda há vestígios da civilização como a conhecemos hoje, mas o Estado é quase invisível. Esse primeiro filme foi feito com apenas 400.000 dólares e arrecadou 100 milhões de bilheteria pelo mundo, tornando-se até 1998 o filme mais rentável da história.

O segundo é o que tem a história mais interessante de todos. Aqui o Apocalipse já se instalou quase que completamente. Ainda há resquícios de estradas e concreto, mas a maior parte do filme é areia e desolação. O resto do mundo é meramente conhecido como wasteland (terra devastada). O bem mais importante aqui é a gasolina. Pessoas matam e fazem atrocidades para consegui-la. Não muito diferente dos dias de hoje, hein... Se eu fosse fazer um artigo sobre Ciência Política, eu iria citar Mad Max, sério. O Estado aqui já desapareceu completamente. Não há mais Estado, não há mais leis. Não há mocinhos e bandidos, há apenas e tão somente sobreviventes, que farão de tudo para continuar sobrevivendo. Max está no meio disso. Um homem sem vida, sem destino, sem ambições, apenas sobrevivendo, ou como ele mesmo diz: “escapando da morte”. Um detalhe: só eu quem achou uma das personagens desse filme (a “enfermeira” loira) igual à Xuxa? Bem, deixa pra lá...

No Mad Max 3, wasteland virou Wasteland. O mundo resume-se a um amontoado de areia. A Terra, como a conhecemos, tornou-se literalmente uma lenda. É considerado o pior dos três filmes, mas eu discordo. Ele está no mesmo nível do segundo. Em meio às suas escapadas da morte, Max, com um estilo totalmente Highlander, encontra uma nova tentativa de civilização: Bargertown (Cidade-feira). E aqui nós somos apresentados a um dos personagens mais bizarros da história do Cinema: Master-Blaster, o “anão-gigante” que domina o submundo de Bargertown. Gasolina já não existe mais. O combustível do momento agora é metano, extraído do excremento de porcos, muito mais civilizados que os próprios humanos do filme. Aqui a humanidade tenta reconstruir o Estado. Bargertown é uma tentativa disso: uma pequena civilização com suas próprias leis. Se você tem algum problema com alguém,  desafie essa pessoa a ir para o Thunderdome (Cúpula do Trovão). Lá dois homens entram, apenas um sai (“two men enter, one man leaves”). Por sinal, a luta entre Max e Blaster no Thunderdome é um dos melhores momentos da série. Viveríamos em um mundo muito mais pacífico se as coisas se resolvessem assim, ainda à antiga moda bárbara. Quem tem razão? O mais forte. Para quê ficar discutindo infinitamente à procura de quem está certo e quem está errado? Eu sou completamente a favor da instalação de um Thunderdome na capital de nosso país. Para quê escolher entre Dilma e Serra? Eu adoraria ver uma batalha entre Sniper Serra (se não entendeu, clique no link) e Dilma, a mulher bomba.

Um quarto e quinto filmes da série estão em produção. Eles vão ser rodados simultaneamente em 3D (tudo agora vem em 3D...) e vão ser uma continuação direta do último. Infelizmente, Mel Gibson não fará o papel do justiceiro de jaqueta de couro. Isso vai ficar a cargo de Tom Hardy (ele fez Handsome Bob em RocknRolla e Charles Bronson no filme que está sendo chamado de “O novo Laranja Mecânica”: Bronson). Charlize Theron (Monster) também já confirmou sua presença no filme. Quais serão os acidentes dessa nova produção? Ah... bons tempos... bons tempos... E nada melhor para aproveitar os bons tempos que uma bela cerveja preta e a companhia dos amigos.

3 comentários:

  1. João. C says:

    certa feita um amigo meu comentou, a respeito da "Cúpula do Trovão":
    "...dois homens entram e um sai? se for acompanhado por uma mulher isso é uma clínica de mudança de sexo..."

  1. A melhor história de Mad Max é da a dublagem do Mel Gibson.
    Não esqueço quando, ainda criança, vi a cena do bumerangue cortando os dedos de algum dos personagens. Foi chocante!

  1. Lucas says:

    O mais foda é o 1o.
    Lembro do Interceptor "esse é o último dos V8" e da cena cena final quando ele joga a serrinha pro vilão preso na moto para que ele opte em viver ou não... muito foda mesmo!!!!

Nota

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