A Capital dos Mortos
Posted: segunda-feira, 10 de maio de 2010 by Victor Carvalho in Mesas: Filmes, Nacional, Terror, Trash
"Isso só pode ser uma dessas 3 coisas. Ou um vazamento de lixo tóxico. Ou é a porra de um vírus... ou aquela história que todo mundo já sabe, né: quando o inferno lotar, os mortos vão andar sobre a Terra. Eu acho que é isso". É mais ou menos essa uma das falas de Lucas, personagem desse filme 100% brasileiro e completamente independente. Acredite, isso não é uma piada. "A Capital dos Mortos" é um filme de zumbi nacional filmado em Brasília. Esse é um verdadeiro exemplo de ótima idéia na cabeça e quase nenhum recurso na mão. O filme é escrito por Tiago Belotti e Mikael Bissoni e dirigido pelo primeiro. A produção ficou a cargo de Rodrigo Luiz Martins. Não estranhe se você nunca ouvi falar nesses nomes antes. Mas também não estranhe se você passar a ouvir falar bastante deles em um futuro próximo.
A história do filme? Em 1883, o padre italiano Dom Bosco tem uma visão da construção de Brasília e junto com isso ele estabelece uma profecia: os seres humanos possuem 60 anos (2 gerações) após a morte do profeta para se redimirem. Caso isso não aconteça, no início da terceira geração, os mortos andarão sobre a Terra. A partir daí a história acompanha um grupo de amigos que tentam sobreviver ao apocalipse. O filme possui todos os elementos "trash" dignos de uma produção de respeito. E o melhor: durante todo o tempo ele brinca com as situações absurdas de filmes de terror. Esse filme só pode ser fruto de uma conversa de bar entre amigos. Praticamente todas aquelas discussões sobre cenas sem sentido de filmes de zumbi estão presentes nele. Desde o que é melhor: "ficar em casa ou sair na rua" até sobre a burrice de um personagem ficar sozinho no carro enquanto os outros buscam mantimentos.
A quantidade de referências também vai divertir bastante quem já é fã de cinema em geral. Muitas são as referências praticamente gritantes aos filmes de George A. Romero, principalmente o Madrugada dos Mortos (tanto o remake quanto o original). A cena inicial dos amigos, jogando xadrez e Winning Eleven (quer algo mais brasileiro que isso?) lembra bastante as discussões Tarantinescas, mas com um toque nacional, claro ("Você gostava mais do Cascão ou do Chico Bento?"). É um filme de zumbi que faz você, de certa forma, se sentir em casa e achar que quando vai abrir a porta, vai encontrar uma dessas criaturas te esperando. É simplesmente impossível não se identificar com os personagens ou as situações. Um dos mais divertidos personagens é o "Tio"("... dizem que ele era do Bope..."), interpretado por Jean Carlo. Como os melhores filmes "trash", esse vai te garantir boas risadas, isso é fato.
Talvez não tenha sido intencional, mas a crítica implícita no nome do filme também é muito interessante. Assim como na cena em que os zumbis invadem o Planalto ou na cena do Plantão DF. Simplesmente sensacional. Segundo informações do site oficial, a polícia foi chamada 5 vezes durante as filmagens; foi utilizado mais de trinta litros de sangue falso e mais de 150 voluntários zumbis. O plano, se o filme for bem aceito, é lançar uma trilogia, mostrando acontecimentos 30 e 60 anos depois. Aguardo ansiosamente por isso. E como diz o Zé do Caixão (claro que ele tinha que estar presente!) durante o filme: "Brasília será a capital dos mortos!".
Ah, um destaque para a cena inicial do ataque! Os marmanjos de plantão vão adorar! Ótima sacada! Para os fãs do cinema "trash," esse filme não é um prato de arroz e feijão, mas uma bela de uma feijoada.
É muito trash!!!
É muito BOM!!!!
É incrivel o que "uma boa conversa de bar entre amigos" pode render!!!
Eu rí muito!!!!!