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domingo, 10 de abril de 2011
by Victor Carvalho in
Mesas:
HQ's

Chico Buarque dizia ser um grande desconhecedor das mulheres. Eu já havia falado aqui dessa “coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação imunerável” quando falei de outro grande poeta: Vinícius de Moraes. Mas dessa vez falo delas sob outra ótica. A ótica de Chico. A ótica do desconhecimento, do não entender. Ah, mulheres. Contraditórias? Com certeza. Inconsistentes? Sempre. Incoerentes? Também. Fascinantes? Em sua completude. Fascinantes porque contraditórias, porque inconsistentes. O ser humano só é coerente quando incoerente. E a mulher é seu perfeito exemplo. Conviver com tamanha complexidade requer a arte de conviver com o desconhecer, com o não entender e, acima de tudo, com o contemplar. Ruim com Elas? Pior sem elas. O site é um projeto que veio justamente para contemplar esse não saber, esse desconhecimento. A sua proposta, como a de Chico, é beber desse vinho. Suave, um pouco ácido e encorpado (sim, sempre encorpado), mas com um paladar oscilante. E nunca, nunca seco. A cada vez que você o bebe, o gosto é diferente, ainda que o vinho seja o mesmo.

Lord Byron, poeta britânico, já afirmava que é mais fácil morrer por uma mulher do que conviver com ela. Inclusive, o próprio Byron foi o primeiro a cunhar a expressão que dá nome ao projeto: “terrível é que não é possível viver com as mulheres, nem sem elas”. O Ruim com Elas é uma coleção de tirinhas diárias que, com muito humor, brinca com as situações comuns do dia-a-dia que a inconsistência feminina vem a criar. É simplesmente impossível não se identificar com as situações. Mas a maior característica de suas tirinhas é a simplicidade. Despretensioso até no traço, o Ruim com Elas está lá todo dia (menos nos finais de semana, porque aí ninguém é de ferro) para te mostrar... não... para te lembrar que o caminho para o coração de uma mulher é repleto de pedras. Lembrar, principalmente, que o divertido, e Drummond concordaria comigo, é justamente passar por essas pedras, coletá-las e construir um castelo... ou uma tirinha.
A resposta já nasce morta, a dúvida se imortaliza na arte. E talvez por isso elas, as mulheres, tenham inspirado os homens desde a Antiguidade. Musas. Mulheres serão sempre musas. E aqui eu volto à Chico: “Que será que me dá? Que me queima por dentro, será que será? Que me perturba o sono, será que me dá? Que todos os tremores me vem agitar. Que todos os ardores me vem atiçar. Que todos os suores me vem encharcar”. Não sei, Chico. Que bom que não sei. É tão melhor conviver com esse não saber. Esse não saber que vem no feminino. É o que me fascina e sempre me fascinará. É o que não tem resposta, nem nunca terá. É o que me inspira e sempre me inspirará. Não tem vergonha, governo, juízo, limite, descanso, cansaço, medida, remédio ou receita. Que bom que não tem. Que bom que eu não sei. “Só sei que nada sei” é o que vai estar sempre em meu olhar, em meu toque, em meu paladar. Ruim com Elas... inexistente sem elas.
E como tudo fica muito melhor com zumbis...
4
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