Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works)
Posted: quinta-feira, 6 de maio de 2010 by Victor Carvalho in Mesas: Comédias, FilmesFinalmente é lançado no Brasil o mais novo filme do Woody Allen. E como se o nome de Allen não fosse o bastante, o protagonista do filme é interpretado por Larry David! Para quem não sabe, ele é ninguém menos que o co-criador da série mais genial de todos os tempos: "Seinfeld". Atualmente ele também possui uma das séries mais engraçadas da TV: "Curb Your Enthusiasm". E é justamente a combinação do humor sarcástico de David com o humor negro de Allen que dá o tempero que esse filme precisa.
Logo no começo o personagem principal, Boris, quebra a quarta parede e começa uma conversa com o público, apresentando-se. E talvez ele seja um dos personagens mais pitorescos da história do Cinema. Então começa a infindável lista de peculiaridades dele: é um velho que odeia a tudo e todos; acha que as pessoas são burras; pensa que a vida não serve para nada; lava as mãos cantando parabéns (!); pouco sai de casa; evita contato e... ensina xadrez para criancinhas... Porém, a salada começa a ficar colorida quando ele conhece Melody (Evan Rachel Wood), que é o clichê máximo da menina do interior que quer ir para a cidade grande... ou não! A partir desse encontro a história inteira começa a se desenrolar de uma forma completamente imprevisível. Falar mais sobre ela seria estragar algumas das mais engraçadas surpresas do filme.
Woody Allen dá uma aula de como não ser óbvio, mas, na verdade, esse não é o grande mérito do filme. A batalha dos personagens, do começo ao fim, é uma batalha para buscar a felicidade, à sua maneira. Não há uma única "felicidade", mas cada um deve descobrir a sua. Interessante também é como Allen dá uma alfinetada nos "bons costumes" da sociedade, na falsa moralidade e falso puritanismo. E o melhor: ele consegue fazer isso de uma forma absurdamente engraçada. Não é como aqueles filmes que trazem críticas que te fazem dormir. O alfinete está ali presente o tempo inteiro. É muito interessante observar como, pouco a pouco, os personagens vão se despindo dessas falsidades impostas e finalmente descobrindo quem eles realmente são, o que eles realmente querem e qual é sua verdadeira felicidade. Todos começam como mais um na sociedade e os eventos caóticos que surgem vão inserindo-os em uma jornada de auto-conhecimento.
Como o próprio título preleciona: "whatever works"; ou sua versão em português, que traz a idéia central (o que é uma coisa rara, já que as traduções nacionais costumam ser horríveis... sempre algo sessão da tarde, como "Uma Turma do Barulho"): "tudo pode dar certo".
Fiquei com vontade de assistir.